Divórcio e crianças: dos 5 aos 12 anos

 

Dos seis aos oito anos

As crianças nesta faixa etária podem apresentar:

 

• Muita tristeza e sofrimento. Chorar é comum. A criança pode ter consciência de sua tristeza e achar difícil obter alívio.

 

• Saudades do pai que deixou a casa. Muitas crianças se sentem abandonadas e rejeitadas pelo pai que saiu de casa e esse sentimento pode ser muito forte. As crianças podem dizer “Nada parece certo porque a mamãe/o papai não está em casa.”

 

• Raiva da mãe ou do pai que continuar morando com elas, por terem a percepção de que ela ou ele foi responsável pela saída do outro genitor de casa.

 

• Fantasias de que os pais voltarão a viver juntos. Algumas crianças ainda acreditam nesta fantasia mesmo após um dos pais se casar novamente.

 

• Dilemas de lealdade. Quando há pressão dos pais para que as crianças tomem partido entre eles, elas são geralmente incapazes de fazer isso. Elas continuam tentando ser leais para ambos os pais, frequentemente em segredo, e geralmente mediante muito sofrimento.

 

• Sintomas físicos, como problemas para dormir ou queixas de dores de estômago ou dores de cabeça.

 

Como você pode ajudar

• Uma das coisas mais importantes que você pode fazer pelas crianças nesta faixa etária é encorajá-las a terem bom relacionamento com o outro pai, se isso for seguro, e não forçá-las a tomar partido. Mantenha as crianças fora dos conflitos relativos a guarda, visitas, alimentos, partilha de bens etc.

 

• Crianças de todas as idades, mas, especialmente, desta faixa etária, precisam ser protegidas da raiva e da decepção dos pais. As crianças não devem ser pressionadas a tomarem partido. Evite criticar o/a ex na frente das crianças. O que elas mais precisam nesse momento é a confirmação por parte de ambos os pais de que eles ainda as amam, continuarão presentes na vida delas e vão tomar conta delas. Elas devem saber que mesmo que um dos pais tenha saído de casa, elas ainda poderão estar com ele. Crianças também necessitam de demonstração de afeto e auxílio claros e constantes dos dois pais, já que elas geralmente duvidam do amor dos pais nesta fase.

 

• Crianças nesta idade não se dão bem com uma ausência prolongada de um dos pais e precisam ter acesso aos pais frequentemente, se isso for seguro. Os pais também devem dar às crianças respostas concretas às dúvidas delas sobre o divórcio e sobre quem tomará conta delas.

 

Dos nove aos doze anos

As crianças nesta faixa etária podem apresentar:

• Indiferença ao divórcio – é uma forma de lidar com os seus fortes sentimentos.

 

• Raiva consciente e intensa – serve para aliviar momentaneamente sentimentos fortes como tristeza e desespero.

 

• Abalo no senso de identidade – já que elas dependem de ambos os pais para terem um senso de identidade. Elas podem se sentir diferentes das outras crianças cujos pais estão juntos.

 

• Sintomas físicos como dores de cabeça, dores de estômago, câimbras nas pernas ou ataques de asma intensos.

 

• Tomar partido e colocar-se ao lado de um dos pais pode ser um problema real para as crianças nesta faixa etária, que são particularmente vulneráveis e podem ser contaminadas pela raiva de um pai contra o outro. O pai que se sente usado e traído pelo outro pai tende a iniciar essas alianças com os filhos. As crianças que são emocionalmente carentes acham difícil resistir à mensagem do pai ou da mãe de que, se elas tomarem o lado dele ou dela, elas ficarão mais próximas a ele ou a ela e se sentirão mais importantes e necessárias. No entanto, as crianças que são colocadas nesta posição tendem a ficar menos estáveis emocionalmente do que os irmãos e as irmãs que se recusam a tomar partido e, ainda, tendem a ficar mais deprimidas durante o divórcio. Forçar as crianças a tomar partido ou a rejeitar o outro pai pode colocar um peso emocional enorme sobre elas e lhes trazer muitos prejuízos.

 

• Maior envolvimento com os amigos, a escola, os esportes ou outras atividades. Este é geralmente um bom sinal e deve ser encorajado.

 

Como você pode ajudar

• Permita que seu filho se envolva com atividades escolares e esportivas.

 

• Não transfira os cuidados com os irmãos menores, os afazeres domésticos ou as responsabilidades de companheirismo de seu/sua ex para seu filho.

 

• Permita que seu filho tenha um relacionamento com o outro pai, se isso for seguro, e não o pressione a tomar partido. Lembre-se: o direito de amar os dois pais é o maior presente que você pode dar ao seu filho, independentemente da idade dele.

 

• Estabeleça regras e expectativas consistentes entre as duas casas, se isso for seguro e possível. Será mais fácil manter essas regras na adolescência se elas forem estabelecidas agora.

 

• Evite ou reduza os conflitos na presença de seu filho. Preserve seu filho da raiva que você possa ter contra o seu/sua ex.

 

• Reduza o impacto dos conflitos ao seu filho mostrando-lhe que ele pode amar ambos os pais. Você pode fazer isso encorajando seu filho a se comunicar constantemente com o outro pai, por ligações telefônicas, e-mails ou cartas e ajudando-o a dar presentes ou cartões ao outro pai em ocasiões especiais, como aniversários, feriados e Dia dos Pais e Dia das Mães.

 

• Diga ao seu filho que seu/sua ex o ama e também tem qualidades. E certamente você já viu qualidades no seu/sua ex, tanto que se casou com ele. Não deixe a sua raiva e a sua decepção com o fim do casamento obscurecerem as qualidades de seu/sua ex, que ainda existem. Elogie seu/sua ex para seu filho. Isso o deixará orgulhoso de ambos os pais.

 

 

*Na dúvida, procure um especialista. Para saber mais informações entre em contato: Tel/Whatsapp(11) 98268-3283.

 

 

Fonte: https://www.cnj.jus.br