Divórcio e crianças: do nascimento aos cinco anos

 

Crianças muito jovens não podem verbalizar seus sentimentos, mas elas podem sentir e ser afetadas pelas mudanças na família, sofrendo forte estresse psicológico. As três causas centrais do estresse psicológico na criança de até dois anos são:

 

• rotinas diárias imprevisíveis;

• hostilidade entre os pais;

• estresse emocional do pai ou da mãe (especialmente o pai ou a mãe responsável pelo cuidado diário da criança).

 

O conflito parental contínuo é irritante para o seu filho pequeno, que não consegue entender ou distanciar-se dele e pode considerá-lo como rejeição pessoal.

 

Retrocesso ou indiferença, se não estiver relacionado a alguma causa física (ex., doença), é um sinal provável de que a criança está estressada e uma forma básica e primitiva de desligar as coisas que são dolorosas.

 

Regressão – a perda de uma habilidade desenvolvida – pode indicar que uma criança jovem está tendo dificuldade de assimilar os eventos em sua vida.

 

Seguem algumas das habilidades que as crianças pequenas (de até dois anos) estão trabalhando, com exemplos de como elas podem regredir sob estresse:

 

Alimentação

• Recusar comidas de que antes ela gostava.

• Voltar a usar a mamadeira ou querer mamar no peito após já ter desmamado.

 

Controle emocional

• Chorar mais intensamente que o normal sobre algo pequeno ou sem motivo aparente.

• Ficar frustrado com mais facilidade. Por exemplo, gritar quando a torre de blocos que acabou de construir cai.

 

Independência

• Chorar compulsivamente quando um dos pais deixa a sala para ir a outra parte da casa ou deixa a criança com a cuidadora.

• Ficar ansiosa e tímida com a cuidadora, em vez de confortável e segura.

 

Linguagem

• Começar a chorar ou apontar em vez de tentar dizer o nome do objeto.

• Trocar as palavras pela linguagem de bebê já ultrapassada, como “bo” em vez de “bola”.

 

Sono

• Recusar-se a dormir.

• Dormir mais tarde ou ter pesadelos.

 

 Uso do banheiro

• Fazer xixi ou cocô na calça em vez de usar o banheiro.

 

Como você pode ajudar

• Estabeleça rotinas diárias constantes que incluam uma programação diária previsível de onde a criança estará e quem tomará conta dela.

 

• Faça tudo o que estiver ao seu alcance para minimizar a hostilidade entre você e o outro pai, especialmente na presença de seu filho. Trate o/a ex com respeito na frente da criança e evite explosões.

 

• Cuide de sua própria saúde física e emocional para que você possa prover o máximo de estabilidade e suporte possível, especialmente se você for a pessoa responsável pelos cuidados diários de seu filho.

 

Procure ajuda, se necessário, para trabalhar a raiva, a depressão e outras emoções dolorosas. Essa conduta é ainda mais benéfica para o seu filho que para você mesmo.

 

Dos três aos cinco anos

As crianças nesta faixa etária podem apresentar:

 

• Medo de serem rejeitadas ou abandonadas: elas podem temer que, se a mãe e o pai pararam de se amar, eles também podem parar de amar os filhos. Elas podem acordar no meio da noite chorando e implorando para ir para a cama do pai ou da mãe.

 

• Confusão ou ideia errônea sobre o divórcio dos pais: elas podem sentir-se culpadas pelo divórcio, achando, por exemplo, que se não tivessem feito muita bagunça, os pais não teriam se divorciado. Elas podem se esforçar em ser “boas”, achando que os pais se divorciaram porque elas foram “más”, e que se elas ficarem “boas” os pais vão ficar juntos novamente. A crença de que elas causaram o divórcio dos pais pode demorar um pouco para passar. É muito importante que você diga para os seus filhos, várias vezes, que o divórcio não foi culpa deles.

 

• Regressão para etapas anteriores no seu processo de desenvolvimento: é uma resposta comum para a ansiedade ou tristeza. As crianças podem voltar a usar cobertorzinhos de segurança ou brinquedos de bebês e podem eventualmente fazer xixi nas calças, mesmo já tendo abandonado as fraldas há algum tempo.

 

• Aumento no comportamento agressivo nas brincadeiras e nos relacionamentos, em casa e na escola, especialmente se elas testemunham o conflito e a agressão dos pais.

 

• Necessidade de serem tranquilizadas: as crianças podem chorar, lamentar, procurar contato físico ou serem alimentadas, ou procurar proteção em todos, incluindo estranhos, para se sentirem tranquilizadas.

 

• Medos e fantasias perturbadoras: crianças nessa idade não conseguem entender bem os acontecimentos confusos nas suas vidas e acabam fantasiando sobre eles. Elas podem se preocupar com um pai sendo destruído, especialmente se os pais brigaram na presença delas. Elas podem também fantasiar estar com fome, o que está associado com o medo de serem abandonadas. Elas podem sentir que serão substituídas e se preocupam que o pai envolvido em novo relacionamento possa amar a nova pessoa mais do que elas. Elas podem ter medo de ir para a cama e se recusar a ficar sós por poucos minutos.

 

Como você pode ajudar

• Ajude o seu filho, dando-lhe estrutura e criando ambiente estável e saudável. Respeite os medos de seu filho. Não os ridicularize. Reafirme para seu filho que ele é amado, será sempre cuidado pelos pais e não foi o responsável pelo divórcio.

 

• Para ajudar o seu filho a recuperar a autoconfiança, dê-lhe suporte e apoio, e não castigos e punições.

 

• Explique claramente para seu filho quem irá tomar conta dele e quando você voltará a vê-lo após o trabalho ou alguma saída. Crianças nesta faixa etária podem precisar de ajuda extra e reafirmações sobre o divórcio.

 

• Dê uma atenção especial ao seu filho. Ele se sentirá mais seguro.

 

• Estabeleça, com a ajuda de seu/sua ex, regras claras e rotinas consistentes para seu filho nas duas casas. O seu filho pode ficar confuso se as regras e as rotinas forem muito diferentes na casa do pai e na casa da mãe.

 

 

*Na dúvida, procure um especialista. Para saber mais informações entre em contato: Tel/Whatsapp(11) 98268-3283.

 

 

Fonte: https://www.cnj.jus.br