Casal funcional constrói família funcional

Famílias formadas por casais funcionais, ou seja, que sabem bem quais são os limites e as funções de cada um tanto no relacionamento quanto na vida em comum, tendem a ser mais eficientes na formação de adultos saudáveis e maduros. Quando a relação dos pais não funciona como deveria, o desenvolvimento dos filhos tem grande chance de ser afetado.

 

Muito se discute sobre o assunto e sabe-se que certas famílias realmente são mais bem-sucedidas que outras nessa tarefa. A base de seu sucesso se firma na relação dos casais que as formaram. Uma família funcional é mais propensa a formar indivíduos funcionais, ou seja, capazes de desempenhar suas funções na família e na sociedade. Funcional é a família que cria os filhos de forma firme, porém flexível, dependendo das circunstâncias, e que incentiva um processo constante de tomada de consciência, aprendizagem e crescimento. O casal que sabe lidar com suas funções é que passa essa habilidade para os demais integrantes da família e define se ela será mais ou menos funcional.

 

Uma das formas de avaliar a funcionalidade de um casal é observando as suas fronteiras, aquele limite virtual que define e protege o espaço e as tarefas de cada um, sem prejuízo do intercâmbio, do contato e das aprendizagens com outros casais e famílias. Quando as fronteiras dentro do casal não são bem definidas, é possível que um filho venha a desempenhar uma função que não deveria ser sua, mas do pai ou da mãe. Isso perturba o desenvolvimento da criança.

 

A seguir, listo alguns outros itens do funcionamento do casal que podem interferir na funcionalidade da família:

 

* Limites. Implica direitos e deveres, regras, orientação e contratos. Sentir que existem limites claros dá à criança a certeza de ser amada, cuidada e orientada. Na falta deles, ela tem a sensação de estar à deriva, de não ter com quem contar, de desamor.

 

* Abertura e fechamento. O que é público e o que é privado; o quanto o casal pode se abrir e aprender com outras pessoas e famílias. E o quanto deve se fechar para manter a identidade, a estrutura e o aconchego familiar.

 

* Equilíbrio dinâmico. Flexibilidade para lidar com questões conjugais e familiares adequando-se às mudanças, aos momentos do ciclo vital familiar, aos imprevistos.

 

* Trocas afetivas. A capacidade de se conectar com os próprios sentimentos e sensações e expressá-los; e de ser continente do afeto e dos sentimentos dos outros, sejam os ditos positivos – amor, carinho – sejam os chamados negativos – raiva, medo, mágoa.

 

* Desenvolvimento de auto estima. O processo de descoberta e treinamento das competências reais. Pressupõe aprender a lidar com as diferenças e com a valorização de cada um. É aprender a lidar com solidão, rejeição, privacidade.

 

* Tarefas. Todos devem cooperar na manutenção da vida familiar, dentro da sua capacidade e competência.

 

* Autonomia. Definir que tarefas cada um pode desempenhar sozinho, no que precisa de supervisão e o que não tem idade/habilidade/competência para fazer.

 

* Independência. Deve ser concedida a partir de prova de competência e responsabilidade. E isso os pais só saberão definir se tiverem essa habilidade como indivíduos e como casal.

 

O assunto é inesgotável, mas os itens discutidos servem para ampliar a reflexão tanto dos casais quanto dos pais.

 

Artigo original: http://www.srosset.com.br/